terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Madeira na Obra de Miguel Torga


Miguel Torga, de seu nome próprio Adolfo Correia da Rocha, foi um dos mais geniais escritores da Literatura Portuguesa do séc. XX. Nasceu a 12 de Agosto de 1907, em São Martinho da Anta, no concelho de Sabrosa do distrito de Vila Real de Trás- os- Montes, onde foi sepultado a 18 de Janeiro de 1995, numa campa rasa, cavada à ilharga duma torga, onde também jaz Andrée Crabbé Rocha, sua devotada esposa e companheira, que o poeta levou pela primeira vez à terra, em 1940, acontecimento que invocou nas páginas do «Diário»: - vim mostrar a mulher aos velhos, à Senhora dos Azinheiros e ao negrilho. Gostaram todos. Mesmo esse vetusto ulmeiro negro que sempre inspirou o escritor, e que morreu no mesmo ano em que o poeta que o cantou e celebrizou foi enterrado no cemitério da aldeia.
Adolfo Correia da Rocha - que passou a usar o pseudónimo de Miguel Torga a partir da publicação, em 1934, do seu livro A Terceira Voz - saiu do torrão natal ainda adolescente para estudar no Seminário de Lamego e pouco depois, com apenas 13 anos de idade, emigrou para o Brasil, onde frequentou o Ginásio Leapoldinense, tendo retornado a Portugal, em 1925, dois anos antes de se matricular na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra onde se formou. Foi também nessa cidade que durante quase toda a vida exerceu a sua profissão de médico especializado em otorrinolaringologia; mas que o não chegou a avassalar por completo, conforme espelhou no Diário (VIII): - Coimbra é como certas viúvas resignadas: vive com muita economia do pequeno Montepio espiritual que o passado lhe deixou…
De resto, o escritor nunca cortou definitivamente as suas profundas raízes com as serranias de São Martinho da Anta, os miradouros de São Brás, de São Domingos da Queimada, de São Leonardo de Galafura, e com as demais vistas sobre os vinhedos do Douro, pois como ele próprio referiu nunca vislumbrou em todo o Mundo lugar onde coubesse.
Mais tarde, em 1991, já octogenário e muito doente escrevia na casa onde nasceu em São Martinho da Anta:- É aqui que eu compreendo que a alma tem um território que não coincide com o do corpo, e abarco num simples relance o que pertence à minha. (Diário XVI).
João Gaspar Simões diria mesmo «que Miguel Torga nunca deixou de ser o que é: um indissociado serrano. Toda a força das suas histórias em prosa e o ímpeto da própria prosa em que no-las conta lhes vêm da rudeza primitiva do temperamento. Até na sua inteligência das coisas se sente essa espécie de identificação intuitiva, não propriamente compreensão, antes sentimento, não inteligibilidade, antes vivência emocional».
Dentro dessa perspectiva, o próprio escritor confessou no Diário (XVI):- Pertenci sempre aos três reinos da natureza. Metade animal; e vegetal e mineral em partes iguais no resto.
E nesse mesmo livro Torga ainda anotou: - Acordo a ouvir os galos da redondeza, que na penumbra me desafiam a inspiração, e os roncos impacientes que do chiqueiro pedem lavagem. E bendigo mais uma vez esta terra de Portugal, que tem História, que tem civismo, que tem arte, que tem pergaminhos de toda a ordem, e que ainda se exprime, antes de erguer a voz urbana, numa sã linguagem rural de cacarejos e grunhidos.
A mesma identificação verificamos em muito da sua poesia, como por mero exemplo colhemos no livro de poemas Odes:

Ninguém ouve a canção, mas o ribeiro canta!
Canta, porque um alegre deus o acompanha!
Quanto mais tombos mais a voz levanta!
Canta, porque vem limpo da montanha!

Espelho do céu, é quanto mais partido
Que mais imagens tem da grande altura.
E quebra-se a cantar, enternecido
De regar a paisagem de frescura.

Água impoluta da nascente,
És a poesia
Que se dá de presente
Às arestas da humana penedia…

Contudo, apesar das muitas pitadas de cariz primitivista que recheiam parte da sua obra, estamos completamente de acordo com Manuel Alegre, quando refere no prefácio da Fotobiografia de Miguel Torga, que em certos meios literários e políticos, têm tentado deformar, malevolamente, a imagem do escritor. Todavia, «Torga não era duro nem difícil. Foi das pessoas mais delicadas que conheci. Havia nele uma aristocracia natural no comportamento, na atitude, e na relação com os outros».
Além do estreito vínculo a toda a história trágica-telúrica transmontana, e, sobretudo, à aldeia onde nasceu, Miguel Torga também sempre fez questão de se identificar com a saga heróica e sofredora da sua gente. No Diário (VIII), podíamos ler:- Sou tudo, menos trânsfuga da minha classe. Nasci povo, povo contínuo, e povo quero morrer. A burguesia compra-me algum suor e alguns livros, mas é confiado na subversão do seu poder que vivo. Aliás, quer profissionalmente, quer literariamente, ainda é quando ponho as mãos e molho a pena nas chagas e no sangue dos meus que dou o melhor de mim. Foi na clínica rural que me senti médico a sério, e cuido que as coisas mais válidas que escrevi sabem à terra nativa que trago agarrada aos pés. Envergonhado de representar o ingrato papel de cronista dum mundo que nem me pode ler, é nele que acredito, é ele que me inspira e é por ele que luto.
Traduzido em diversas línguas e laureado entre outros, em 1976, com o Grande Prémio Internacional de Poesia das Bienais Internacionais de Knokke-Heist, em 1989, com o Prémio Camões e em 1992, com o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, Miguel Torga legou-nos uma volumosa e significativa obra, escrita nos mais variados géneros literários.
Em Poesia lembramos Ansiedade (1928); Rampa (1930); Tributo (1931); Abismo (1932); O Outro Livro de Job (1936); Lamentação (1943); Libertação (1944); Odes (1946); Nihil Sibi (1948); Cântico do Homem (1950); Alguns Poemas Ibéricos (1952); Penas do Purgatório (1954); Orfeu Rebelde (1958); Câmara Ardente (1962); Poemas Ibéricos (1965); e Antologia Poética (1981)
Na Prosa destacamos Pão Ázimo (1931); A Terceira Voz (1934); A Criação do Mundo – Os Dois Primeiros Dias (1937); O Terceiro Dia da Criação do Mundo (1938); O Quarto Dia da criação do Mundo (1939); Bichos (1940); Contos da Montanha (1941); Um Reino Maravilhoso (Trás- os- Montes) (1941); Rua (1942); O Senhor Ventura (1943); O Porto (1944); Portugal (1950); Pedras Lavradas (1951); Novos Contos da Montanha (1944); Vindima (1945); Traço de União (1955); O Quinto Dia da Criação do Mundo (1974); Fogo Preso (1976); O Sexto Dia da Criação do Mundo (1981).
No Género Teatral referimos Terra Firme. (1941); Sinfonia (1947); O Paraíso (1949); Mar (1958).
Resta falar sobre o original e pessoalíssimo Diário, escrito em prosa e em verso, com dezasseis volumes publicados entre 1941 a 1993, em cujas páginas, segundo vem referido por David Mourão Ferreira, no Dicionário das Literaturas Portuguesa, Galega e Brasileira, se encontra de tudo; desde «critica social, polémica, apontamentos de paisagem, esboços de contos, apreciações culturais, reflexões de moralista, invectivas de franco-atirador, e, muito frequentemente, magníficos textos da mais alta poesia».
Apesar de Miguel Torga nos ter legado uma tão extensa diversidade de géneros literários, onde apenas no romance, que exige maior estruturação, não teria sido genial, comungamos, na esteira de David Mourão Ferreira, que toda a sua maravilhosa obra «é a expressão coesa, embora multifacetada, de um indivíduo bem definido, de nítidos contornos e límpidos intuitos, veemente, vibrante – enternecido pelas criaturas, revoltado perante o Criador».
Um bom exemplo dessa rebelião religiosa colhe-se neste poema extraído do Niil Sibi:

Anjo da guarda, corta as tuas asas,
Esses galões de pano,
Se queres, humano,
Ajudar-me,
Nu,
E o céu a mandar-me
Um cisne falso como tu!

Nesta terrena dor,
Desesperado,
Pedi um braço quente e pecador
Não quero cá ninguém santificado!


Limpa o verniz da cara, tira o lenço
E enxuga-me estas lágrimas de lama.
Deus é imenso,
Mas nem eu lhe pertenço,
Nem é por ele que a minha angústia chama.

Todavia, apesar de toda essa revolta, do profundo agnosticismo, e de haver escrito com grande sinceridade que ao todo, ao todo, acreditava que a vida é um absurdo maravilhoso e a morte um escândalo sem remissão, Torga teve a sagacidade e a sabedoria de deixar bem expresso no Diário (XIII): - Negar Deus. Muito bem. Mas que não seja para divinizar sucedâneos mais absurdos do que ele.
Mas, sentindo profundamente todo o peso e desconforto daquele ateísmo sem retorno, Miguel Torga clama no Outro Livro de Job:

Se alguém vier (há quantos anos sonho
com esse que há-de vir e que não vem
rasgar o frágil véu que nos separa!...
Mas, enfim…) se alguém vier
ao banquete que eu lhe der,
em cada fruto que lhe apetecer
toque como Moisés com sua vara…(…)

Serei
o verdadeiro sabor do meu banquete:
o gosto do meu sangue e do meu corpo
conhecido…
Todo eu me darei (ao tal que vem),
Porque entre nós qualquer distância tem
o seu caminho andado e destruído…

Serei tudo e nunca mais
o louco varrido à roda
do ermo da minha vida,
onde acontece a tal boda
entre o fogo e a casa toda,
sem uma Porta Estreita de saída…

Nunca mais
desertos de areia calma
cobrirão picos e fundos
dos cinco inundados mundos
da minha alma!...


Nunca mais
meus olhos terão que ver
tanta solidão sem fim:
- ser dono desta desgraça
e não ter terra onde nasça
uma flor que cresça em mim…

No Cântico do Homem, Torga insiste com a mesma veemência:

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita,
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

A mesma persistência encontramos no Diário (XIII), onde Miguel Torga exclama e roga:
Não, não rezes por mim.
Nenhum deus me perdoa a humanidade.
Vim sem vontade
E vou desesperado.
Mas assinei a vida que vivi.
Doeu-me o que sofri.
Fui sempre o senhorio do meu fado.

Por isso quero a morte que mereço.
A morte natural,
Solitária e maldita
De quem não acredita
Em nenhuma oração
De salvação.
De quem sabe que nunca ressuscita.

Durante os primeiros anos da sua vida literária, Miguel Torga fez parte do grupo da Presença; tendo até dirigido, com Branquinho da Fonseca, as revistas Sinal e Manifesto. Contudo, muito cedo colocou-se à margem das escolas e clãs literárias, pois o seu individualismo anarquista e combativo, e a forma patriótica, original, viril e insubordinável do seu temperamento, não se prestavam ao mais pequeno espartilho.
João Gaspar Simões, comenta que a poesia de Torga «se isolou, numa posição talvez única na história do moderno lirismo:- evitando a discursividade que permitiu a Régio servir-se da poesia como quem se serve de um instrumento de análise psicológica, encerrou-se numa fragmentação lírica que, por ser intensamente vivida enquanto expressão directa de uma intuição ou de um pensamento-sentimento, pôde atingir, por vezes uma sobriedade, uma secura, um rigor e uma pureza que lhe conferem qualidade altamente moderna».
Aquele crítico literário acrescenta que o poeta de S. Martinho de Anta «se não rende preito à primitiva filosofia do também transmontano Junqueiro, concebe para uso próprio uma mítica telúrica de que é por assim dizer demiurgo. Nunca peca todavia por abstracção – à maneira de Pascoais – nem cai em discursos pseudofilosóficos, à maneira de Guerra Junqueiro; revelando-se mais perto de Gomes Leal que qualquer outro poeta português - do Gomes Leal das raras, fortes e pujantes asceses líricas».
Para dar suporte a todas estas alusões escolhemos uma poesia extraída de Alguns Poemas Ibéricos:

Um Príncipe Perfeito em Portugal,
Terra da imperfeição!
Que excessivo perdão
Pode ter quem é rei!
Na bainha do tempo, até o punhal
É uma arma leal!
Assim nela coubesse a alma que sujei…

Perfeito, eu! Perfeito
Um rei que desposava no seu leito
O luto incestuoso da rainha!
Perfeito, eu, que tinha
Um herdeiro da esfera adivinhada,
E o vi morrer, humano,
Com asas de exaurido pelicano
As portas da aventura começada!

Perfeito, eu! Perfeito
Quem viu agonizar dentro do peito
A grandeza da vida e quanto fez por ela!
Incapaz, a cobarde caravela
Que mandei ao seu último destino.
Desatado o nó cego, masculino,
Que no sonho enlaçava
A soberba cintura de Castela.
- Que perfeição no mundo me ficava?

Pensei, lutei, matei – fiz quanto pude,
Mas em vão.
A quem Deus não ajude,
Tudo são Índias de desilusão.

Alguns ensaístas, sobretudo, Gaspar Simões realçam ainda que Miguel Torga, foi um homem de trocas com a natureza, e com o mundo físico, elaboradas de formas muitas vezes rudemente primitivas, pois ninguém com ele «sabe de nomes e conhece os usos das coisas que aprendeu na ancestralidade dos seus e na diuturnidade de uma vida só na aparência civilizada, tendo colhido a experiência graças à qual escreveu versos como o vento escreve o seu nome nas águas e nas serras».
Falta salientar que Miguel Torga - extreme defensor das liberdades de modelo quase anarquista, homem da terra firme e das serranias, também seduzido pelo mar, e amante da caça e dum bom vinho – afirmou-se como europeu, e profundamente ibérico. Foi, sobretudo, um patriota, adorador dos valores ancestrais do povo português, que no seu Diário (XIII) chegou mesmo a confessar:- Cada vez amo mais o Portugal velho, já quase perdido, de ruas aconchegadas, largos domingueiros, pelourinhos severos e torres cristãs, fiel à primitiva decência. Sinto-me nele seguro, idêntico, natural e, sobretudo fortalecido no meu afã de poeta.

Em Maio de 1973, após uma viagem às colónias africanas, Miguel Torga relata com emoção no Diário (XII) uma visita ao campo do cemitério da missão católica de Huíla, onde jazem nomes de todas as nacionalidades, portugueses, belgas, franceses, alemães, inscritos lado a lados em humildes lousas iguais. (…) Nomes de homens que vinham ao encontro da morte certa e prematura por conta de Deus e do semelhante. Por conta da fé, da esperança e da caridade. Miguel Torga lembra ainda que também há outras epopeias a admirar no planalto de Sá da Bandeira. Por exemplo a dos heróicos colonos madeirenses fundadores daquela cidade de Angola, que desembarcaram nas areias de Moçâmedes, subiram a serra em carros de bois, desbravaram, semearam e sucumbiram, e de que restam apenas os descendentes pobres, os chicoronhos, resíduos humanos sem ombros sequer para suportar o mito dos pais. Mas o que se faz impelido pelas necessidades do corpo há-de ficar sempre aquém do que se faz obrigado pelas exigências da alma. Muito embora a transcendência se possa atingir de várias maneiras, a dádiva abnegada da vida é de longe a mais absoluta. Quase apostava que aquele campo sagrado será no futuro da pátria angolana um panteão nacional. Ou a ressurreição de Cristo e a fraternidade humana deixarão de ter sentido nestas paragens.
Mais tarde, Miguel Torga, enorme «pedaço de Portugal» como o definiu Manuel Alegre, também esteve na Madeira na última semana de Agosto de 1980. Depois de exprimir que sentia na ilha as mesmas aflições vividas no Algarve, o escritor adiantou:- Guardião lírico da identidade nacional, padeço tormentos sempre que a vejo ameaçada. E em ambos os sítios isso acontece. Chega a meter raiva. Nos lugares cosmopolitas lá de fora, nenhuma invasão estrangeira altera o perfil nativo. Veneza é a mais italiana das terras italianas. Nas nossas estâncias turísticas, pelo contrário, o alheio sobrepõe-se de tal modo ao caseiro que o configura. É um mimetismo trágico, que nos põe a falar, a pensar e a sentir como o invasor. Sei que há uma eternidade na criatura para além de todas as circunstâncias exógenas. Os pescadores de Câmara de Lobos ou de Lagos, como tais, hão-de ter sempre a mesma têmpera de homens do mar. Mas gosto mais deles com os estigmas portugueses bem à vista. Dão-me outras garantias de irmandade
. E depois de lembrar que os ingleses são felizes porque conseguem ter a arte de se instalar e estar sempre de visita nos melhores sítios do mundo, Miguel Torga rendeu-se às maravilhas dos panoramas madeirenses. Na Eira do Serrado - Curral das Freiras, o poeta exclamou maravilhado: - escreveu Nietzsche que para amar o abismo é preciso ter asas. Eu diria que basta apenas ser homem. Mas madeirense…
Assombrado com a grandeza solene do Cabo Girão, dedicou-lhe um sentido poema:

Teve de se afundar um continente
Para que um dos seus cumes,
Magicamente emerso,
Fosse por nós achado,
Loucos descobridores
De terras que faltavam
Na imaginação.
Povoámo-lo, então,
Da nossa portuguesa
Vitalidade,
A renovar presenças do passado.
E agora, alcandorados
Nesta gávea de pedra,
A navegar parados,
Perguntamos ao mar
E aos pontos cardeais
Se seremos gigantes encantados
Em homens naturais.

Enfeitiçado perante a magia deslumbrante do Pico Ruivo, Miguel Torga comenta e exclama: - Eis a Madeira que eu amo verdadeiramente, que não me canso de admirar, que não tem comparação com outra qualquer realidade geográfica minha conhecida. Que não se deixou corromper por nenhum turismo, que se mantém ciclópica, abissal, rebeldemente estéril e inacessível. Que transmite aos sentidos o espanto e o calafrio que despertam as coisas primordiais. Que não cabe nos olhos que a vêm e nas palavras que a descrevem. Que é uma espécie de alucinação da natureza.
E antes de retornar ao continente, Miguel Torga ainda teve a felicidade de ir em passeio até ao Porto Moniz; onde encantado e comovido escreveu: -lembrar-me eu que poderia ter morrido sem conhecer os caminhos de assombro que vêm dar a esta terra! E pensar que é quase certo que nunca mais os tornarei a ver…

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