sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os Poetas na Família de Francisco Álvares Nóbrega


Francisco Álvares de Nóbrega, o prestigiado vate de Machico, provém duma família bafejada com o dom de exprimir com belos e harmoniosos cantos, os requintes da natureza, o amor, os dramas, e os sentimentos humanos; dádiva que, certamente, muito se deveu à magia de ter nascido em Machim, «a vila idosa», que refulge «na fralda de dois íngremes rochedos, que levantam aos céus fronte orgulhosa».
Um desses poetas chamava-se Januário Justiniano de Nóbrega, nascido no Funchal em 25 de Fevereiro de 1824, cidade onde faleceria a 28 de Julho de 1866, que ficou conhecido como talentoso escritor e jornalista; e ainda por ter sido sobrinho do nosso «Camões Pequeno».
Justiniano de Nóbrega casou no Funchal com Natália Pereira de Nóbrega, que minada pelo desgosto, pouco tempo sobreviveu à morte do marido. Desse casamento nasceu um único filho, que tal como o pai, chamou-se Januário Justiniano de Nóbrega Júnior, que foi ajudante da Conservatória do Registo Predial do Funchal, tendo contraído matrimónio com Dª Virgínia Pereira de Nóbrega, de quem teve o afamado poeta e jornalista, João Marinho de Nóbrega, que na nossa juventude chegamos a conhecer.
E por mais invulgar que pareça, outra grande prova que nos genes de Francisco Álvares de Nóbrega e dos seus familiares, pulsava a criatividade e a inspiração poética, lemos num artigo de Alberto Figueira Gomes, publicado na revista «Das Artes e da História da Madeira», que Januário Justiniano de Nóbrega, sobrinho do nosso «Camões Pequeno», «tinha três irmãs – Carolina, Alexandra e Josefa, e que todas elas também se dedicavam às musas».
Todavia, ao contrário do seu tio de Machico, que após a instrução primária trabalhou com o erudito Marco João de Ornelas, e estudou no «Colégio de São João Evangelista», entre outras, as cadeiras de Filosofia, «Retórica», e «Gramática Latina e Portuguesa»; Januário Justiniano de Nóbrega, apenas possuía a quarta classe, muito embora se tivesse salientado como autodidacta, ao ponto de ter sido um dos melhores jornalistas do seu tempo, e um talentoso praticante das Letras, tanto na prosa como em verso.
Apesar dessas diferenças, é um facto que nos dramas da vida e na tragédia da morte, encontramos grandes afinidades entre o sobrinho e o nosso «Camões Pequeno». Na verdade, como de forma emocionada o próprio Januário Justiniano de Nóbrega verteu no prefácio da edição das «Rimas» do seu tio; o nosso poeta de Machico, amargurado pela doença, o infortúnio e os males de amor, «depois de se fechar no quarto e enrolar-se num lençol, que cozeu até os ombros; levantou a própria eça no silêncio da noite, rodeou-se dos livros a que consagrava as longas horas de insónia, pôs à cabeceira os seus escritos, e libando como Sócrates a bebida fatal, adormeceu no seio do Criador».
Pelo lado do sobrinho, também bateu-lhe à porta uma morte fatídica, pois conforme referiu Luís Marino, «Januário Justiniano de Nóbrega tinha pronta uma colecção de inéditos e não inéditos para dar à estampa, mas destruí-os pouco antes de ser assaltado por um ataque de alienação mental que o levou ao suicídio, despenhando-se por uma rocha, á beira-mar».
Acresce que como o seu tio Francisco Álvares de Nóbrega, Januário Justiniano de Nóbrega foi igualmente um homem que praticava os valores da solidariedade e da fraternidade, segundo lemos no Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses dos Sécs. XIX e XX, onde Luís Peter Clode assevera «que durante a pavorosa epidemia da cólera mórbus, em 1856, a sua acção ao lado do Governador Civil, foi de tal maneira benéfica, que mereceu ser louvado por esta autoridade por alvará especial».
Justiniano de Nóbrega, exerceu a profissão de Amanuense da Administração do Concelho desde 30 de Junho de 1837, até 8 de Janeiro de 1857, data em que foi nomeado escrivão dessa instituição. E como já referimos, notabilizou-se como um talentoso jornalista, colaborando em vários jornais, nomeadamente, «O Funchalense», «Campo Neutro», «Flor do Oceano», e «A Folha»; tendo ficado célebres as polémicas que publicou ao lado do seu amigo Dr. António Pita contra o Conde de Canavial; e um estudo de carácter histórico–estatístico sobre o Arquipélago da Madeira, que entregou ao Governador José Silvestre Ribeiro.
Outro importante trabalho que por si só o guinaria, aos píncaros da fama na cultura madeirense, foi prefaciar e organizar uma cuidadosa edição das «Rimas» de Francisco Álvares de Nóbrega, seu venerado tio e grande bardo de Machico.
Após o fatídico suicídio de Justiniano de Nóbrega foi divulgado postumamente, o seu ensaio intitulado «A Visita de Sua Majestade a Imperatriz do Brasil, Viúva, Duquesa de Bragança à Ilha da Madeira», enriquecido com um importante prefácio da autoria do poeta Júlio da Silva Carvalho; e ainda o artigo «A Fundação do Hospício da Sereníssima Princesa Dª Maria Amélia», ambos vindos à luz em 1867.
Para darmos um breve exemplo da elegância e delicadeza da prosa de Justiniano Nóbrega, reproduzimos a seguinte transcrição extraída do referido ensaio onde ele escreveu: - «Foi bem dramática a luta da Imperatriz do Brasil, para impedir que a morte viesse arrancar dos braços duma mãe carinhosa a sua querida filha, o único conforto que na vida lhe restava. (…) Eram quatro horas da madrugada. Em seus Paços, onde tudo era consternação e desalento, a Majestade, curvada ao peso da mais pungente dor, apertando entre as suas uma gelada mão, fitava, ávidos olhos num rosto macerado, inclinado para ela em leito que fora de agonia».
Finalmente, como poeta, Januário Justiniano de Nóbrega, editou, em 1860, um excelente livro intitulado «Flores Agrestes»; e na colectânea «Flores da Madeira», divulgada no Funchal, em 1871, por José Leite Monteiro e Alfredo César de Oliveira, publicou seis das suas primorosas poesias, de que passaremos a mostrar alguns excertos, que revelam, claramente, que tal como aconteceu com o seu glorioso tio de Machico; Justiniano Nóbrega também amava a Liberdade, e a sua querida Madeira, a quem, carinhosamente, chamava «Pátria».

Assim, no poema «Oração do Poeta», escrito em 1851, o vate enaltecia as belezas da sua dilecta Ilha, embora lamentasse a pobreza que afligia muitas das famílias do seu povo:

Uma terra assim tão linda
Em que parte o globo encerra?!
Terra assim não vi ainda
Linda como a minha terra:
Gôsto é ver d’esta campina
Correr água cristalina
Em cordões de prata fina,
Pela encosta d’ampla serra;

Gôsto é, sim, a vista alçar
Pelas penhas que estou vendo,
Que o céu parecem tocar,
Que vão d’abismos erguendo!
Nestes bosques verdejantes,
Nestas selvas flutuantes,
Nestes prados tão fragrantes
Minh’ alma s’está revendo! (…)

Nascer em berços de neve
Gosto é ver dia invernoso.
E o sol, que oculto esteve,
Surgir depois majestoso;
E lá do céu, meu anelo,
Despedir um raio belo
Por sobre grupos de gelo
Que em monte alveja formoso.

Que neste vergel de rosas,
Não há invernosa estação
Que, após noites tormentosas,
Não traga dias de Verão;
Nem n’esta plaga se viu
Despedir-se Inverno frio,
Sem nos dar noites d’estio
Belas como os dias são. (…)

C´o mesmo esplendor do dia
Brilha a noite! Eu vejo a serra,
Vejo o oceano qual via!
Desde o princípio da terra
Até onde a terra finda,
Uma terra assim tão linda
Eu não vi, não vi ainda,
Nem o globo todo encerra.

Do céu e da terra
Soberano Senhor,
Qu’és todo bondade,
Que todo és amor; (…)
Torna a minha pátria
Qual foi, florescente,
Oh! põe sobre a triste
Olhar complacente.(…)

Mais amor da pátria,
Senhor, nos inspira;
Amor pela terra
Que nascer nos vira;
Que já foi empório
D’imensa riqueza,
E é hoje o triste
Painel da pobreza!
De preces ingénuas
Te mova o fervor.
Revoca-me ao fausto
A pátria, Senhor!

Num outro poema intitulado «O Lago Do Trovador», também escrito em 1851, Januário Justiniano de Nóbrega, lateja com perfeito lirismo o seu amor à natureza, e trova num estilo modo romântico que faz lembrar o nosso «Camões Pequeno»:

Serei poeta? Talvez
Poeta o céu me fadasse!
Talvez um nome pomposo
À minha aldeia legasse.
Se à voz dos cisnes do Tibre
O canto meu ensaiasse. (…)

Cá num cantinho da terra,
De pobre choça habitante,
Nem tenho heróis que incensar,
Nem tenho rios que cante;
Mas tenho um lago formoso,
Que retrata o céu brilhante. (…)

Aqui no meu lago
O céu se revê,
Tornando-o safira,
De prata que é.
Espelho fulgente
D ‘extrema beleza,
Ao vivo retrata
Toda a Natureza. (…)

Perfumada aragem,
Que adeja ligeira,
Como a superfície
Lhe enruga fagueira!
E uma folhinha
Lá leva impelida...
É imagem fatal
D’esta minha vida,
Que assim me levarão
Mil doces enganos.
A bem dolorosos,
Cruéis desenganos!

Noutra poesia, intitulada «O Soldado do Mindelo», composta em 1854, por ocasião das exéquias à morte de Dª Maria II, em homenagem à Rainha, e também à Liberdade, e à causa dos livres, Januário Justiniano Nóbrega, clamava com emoção:

Voluntário fiel do Mindelo,
Porque assim a chorar magoado?
Tão afeito às cruezas da guerra,
Porque assim gemer desolado?
Onde está doutro tempo o valor?
Onde os brios d’ antigo soldado?

A teus olhos sumiram-se os montes
Tão virentes da pátria querida,
Quando d’ela te foste a imolar
Pela causa dos livres a vida:
E tal eras…que nem uma lágrima
Te rolou pela face incendida. (…)

Voluntário fiel do Mindelo,
Ergue a fronte que tens abatida.
Olha ao céu… acolá quanto é doce
Repousar do pungir d’esta vida!
Olha ao céu…acolá entre os anjos
Folga a tua rainha querida. (…)

Voluntário fiel do Mindelo,
Ergue a fronte que tens abatida;
Cesse o pranto qu’ as faces te inunda,
Cala a dor nesse peito oprimida.
Olha ao céu…acolá entre os anjos
Folga a tua Rainha querida.

Noutro longo poema escrito em 1850, denominado o «Apelido de Zarco», o nosso poeta, baseado na leitura da «História Insulana Lusitana» de Cordeiro, e no «Poema da Insulana» de Manuel Tomás, descreveu alguns factos, que segundo aqueles autores, explicam o apelido do primeiro Capitão-mor do Funchal, João Gonçalves:

Junto às traqueiras do Tanger
Gritam centos d’ infiéis,
Feros inimigos da Cruz,
Rebeldes de Cristo às leis.
Acodem lusos soldados,
À lei de Cristo fieis.

Gigante moiro a cavalo
Dos seus à frente saiu
E diz, enristando a lança,
Que tantos mil já feriu;
- Nazarenos! Raça vil!
Um por um vos desafio.

- Capitão! Daquele moiro
Quero a audácia castigar;
Cobardia o desafio
Fora em mim não aceitar –
Diz ao chefe um nazareno-
Já no ginete a montar.

Trava-se crua peleja
Entre os dois – moiro e cristão-
O moiro ao cristão encrava
A lança no coração
Em borbotões salta o sangue,
Cai morto o bravo no chão! (…)

Trava-se novo combate
Feroz, cruel, carniceiro; (…)
Um segundo nazareno
Cai morto como o primeiro! (…)

Já outros golpes se dão
Como os dois que o precederam
Morre terceiro cristão! (…)

- Capitão! Prossegue um moço-
Não tenho nome nem fama,
Obscuro soldado sou,
Meu valor ninguém aclama.
Que perdes se o infiel
Meu sangue também derrama!

Jovem! é de mau agoiro,
De mau agoiro este dia;
Mortos são já três guerreiros
De provada valentia.
Dar ao moiro um prazer mais!
Na verdade, isto injuria…

Capitão! Disseste bem,
É dia de mau agoiro
Mas não é desonra, não,
Cair morto aos pés d’ um moiro;
È desonra fraquejar
Ser cobarde é que é desdoiro!-

O Capitão imudece;
O jovem já tem partido;
Em menos de um credo volta
No seu ginete garrido,
Trazendo pelos cabelos
Cativo o moiro e ferido!

Soam entre os nazarenos
Atabales de alegria,
Nos arraiais dos cristãos
O folguedo principia,
Esgotam-se imensos copos
À vitória d’este dia.

Dom Henrique, nobre infante,
Cavaleiro o moço armou;
Chamava-se Zarco o moiro
Que o mancebo cativou,
Zarco também desde então
Este bravo se chamou.

E foi quem quebrou o encanto
À minha pátria querida;
Quem deu co’a perl´a dos mares,
Esta terra tão florida;
Quem descobriu a Madeira,
Vergel de aroma e de vida.

Por último, citaremos parte do canto «A Viúva do Artista e o Órfão»; que é uma poesia claramente influenciada pelas tragédias de Soares dos Passos, e muito ao gosto ultra-romântico, aliás em grande voga, no ano de 1859, quando Justiniano de Nóbrega escreveu as trovas que se seguem:

De artista que em flor morreu
Saudosa viúva sou;
Saudosa sim, que o amei
Como ninguém inda amou;
Ninguém …diz-me aqui no peito
Saudade que me ficou.

Desse amor tão casto e santo
Dois frutos, só, eu lhe dei;
Cobiçou-o Deus o primeiro
e quanto, quanto o chorei!
O segundo ei-lo em meus braços,
Para quê!? Céus! Eu não sei! (…)

Não sei, não; mágoas, tristezas,
Eis quanto a viúva tem;
Nem já na trémula mão
A gasta agulha sustem;
A agulha que nem a ela
Nem ao órfão já mantem. (…)

Apenas te vejo a ti,
Anjo de amor que gerei;
Por ti só que não por mim
Dia e noite costurei;
E quando deixar de ver-te
Nada no mundo verei.

Assim foi. Viúva e órfão
A penar continuaram;
Em um asilo a viúva
Em pouco tempo encerraram,
E para outro o filhinho
Dos braços lhe arrebataram.

Ausente d’ este a mãe triste
Tanto chorou e sofreu;
Tanta lágrima de sangue,
Tanto pranto ela verteu,
Que em breves dias, coitada!
Cegou de todo e morreu.

Como referimos, outro familiar de Francisco Álvares de Nóbrega que também se dedicou às musas chamava-se João Marinho de Nóbrega, que nasceu na freguesia de Santa Maria Maior da cidade do Funchal, em 18 de Julho de 1880, e faleceu em Santo António, a 8 de Março de 1954; e que foi filho de Januário Justiniano de Nóbrega Júnior, e de Dª Maria Virgínia Pereira de Nóbrega; e neto do supracitado poeta Januário Justiniano Nóbrega.
João Marinho de Nóbrega, frequentou o 3º ano da Faculdade de Direito na «Universidade de Coimbra», mas não chegou a licenciar-se, por motivo de ter adoecido gravemente. Mais tarde, durante o agitado período da ditadura de Sidónio Pais, foi vogal da «Câmara Municipal do Funchal»; tendo também exercido, o cargo de auxiliar da «Conservatória do Registo Predial do Funchal».
Luís Peter Clode no «Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses dos Sécs. XIX e XX», informa-nos que, nos últimos anos de vida, « JoãoMarinho de Nóbrega, foi químico-analista da Fábrica do Torreão, sendo à data do seu falecimento director do laboratório da referida fábrica».
Na vida literária, utilizou diversos pseudónimos, entre eles, João Liso, X, José Manuel Décio Braga, João Lopes, Azul e Branco, e Ohniram.
Como jornalista, João Marinho Nóbrega, durante um longo período, publicou crónicas no «Diário de Notícias», no «Diário da Madeira», e em «O Jornal»; que foram muito conhecidas e apreciadas, sobretudo, as intituladas Apostilhas, Comentários, Coisas Minhas, Croniquetas, Pinceladas, Um Pouco de Tudo, Garatuja, Notas do Dia, Com os Meus Botões, e Réstea de Sol. Também entrevistou, longamente, em 1943, o célebre Padre Cruz, e colaborou nos periódicos «Heraldo da Madeira», «O Jornal», «A Voz», «Os Novos Filhos», «Revista Esperança», e «Revista Portuguesa»; tendo ainda divulgado um opúsculo intitulado «Uma Entrevista».
Tal como o seu antepassado de Machico, João Marinho de Nóbrega também publicou poesias, que vieram à luz em diversos órgãos da imprensa, das quais escolhemos dois sonetos e uma canção que foram editados na «Musa Insular (Poetas da Madeira)» de Luís Marino.
Comecemos pelo melancólico, mas harmonioso soneto a que deu o titulo: «Despertando»:

Por onde andaste tu, meu pensamento,
Que bem dentro de mim eu sinto agora,
A falta que me faz o teu tormento,
Que me visita sempre, a toda a hora.

A padecer, por ti, acostumado
Tanto estou, que às vezes me parece
Um prazer, a dor que me tens dado.
Que ter a dor constante me apetece.

Desabafa comigo os teus anseios.
A tua negra mágoa, e a alegria
Dos teus ledos, fagueiros devaneios.

Já não me fazem mal as tuas queixas,
As novas que me trazes dia a dia,
Só me causas pezar, quando me deixas.

Em «Outono», e também muito ao gosto dos cânones estéticos do Romantismo, João Marinho Nóbrega, cantou a natureza, para através dela transmitir o seu pesaroso estado de espírito:

Já o azul do céu empalidece,
A noite é feia, é mais gelada a lua.
- É o turbado Outono que aparece
Sem tornar-me dif’rente a imagem tua.

De cada ramo as folhas vão caindo,
De cada folha brota uma saudade,
Tudo vai de saudades se cobrindo,
Só não vem para mim a soledade.

Estremecida alegria abençoada,
Vivam sempre comigo esp’ranças minhas
Mais puras que a neve imaculada.

Oh! não me abandoneis, visão querida,
Como partem agora as andorinhas,
Não parteis também vós da minha vida!...


A terminar, o mesmo lirismo nostálgico e romântico lateja nas quadras da canção «Líricas»:

Se eu chegar a ser velhinho,
Sabe-o Deus de quantos anos,
Hei-de ter muita saudade
Tecida com desenganos.

Olhos meus, olhos escuros,
Olhos noites sem luar,
Olhos tristes de saudades,
Olhos cegos de chorar.

O meu amor por ser grande,
Que pesar que ele me faz,
De tanto te amar anseio
Amar-te mais, muito mais.

Eu sei que choras de pena
Quando só mágoas te escrevo;
E eu nem ao menos sei
Quantas lágrimas te devo.

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